20.05.2022

Barómetro de transporte: Logística sofre os efeitos económicos da guerra

A economia europeia e o setor dos transportes enfrentam grandes desafios

Setor dos transportes e impacto económico

Erkrath, 20.05.2022 – O primeiro trimestre de 2022 foi fortemente influenciado pelo impacto da guerra russa na Ucrânia. O sentimento da economia caiu abruptamente em toda a Europa. A procura de transportes continua elevada. O aumento dos preços da energia tem um forte impacto no transporte rodoviário de mercadorias. O setor enfrenta enormes desafios.

O aumento dos preços das matérias-primas e da energia tem um grande impacto no setor dos transportes e da logística em todos os países. Em especial, o forte aumento do preço do gasóleo e os diferentes níveis de preços na Europa prejudicam as empresas de transporte, que em geral são pequenas, e a competitividade do transporte rodoviário de mercadorias europeu.

A procura de espaço de carga é superior à oferta em toda a Europa

Apesar de o sentimento económico ter recuperado no início do ano, as expetativas diminuíram devido aos recentes desenvolvimentos da guerra russa na Ucrânia. Os efeitos económicos fazem-se sentir também no mercado dos transportes. Em termos globais, o número de ofertas de carga na Europa caiu 4% no primeiro trimestre em comparação com o trimestre anterior. A razão reside no recuo verificado na introdução de cargas em janeiro (-8%) e fevereiro (-12%). Em março, a introdução de cargas e, consequentemente, a procura de capacidades de transporte voltaram a aumentar 42% em toda a Europa. Com efeito, a oferta de camiões diminuiu devido aos efeitos económicos, em particular o aumento dos preços da energia. A procura de espaço de transporte no primeiro trimestre de 2022 é francamente superior à oferta em toda a Europa. Em média, a proporção de ofertas de cargas/camiões situou-se em 70:30. Esta situação encontra eco, por exemplo, no mercado dos transportes alemão: a procura é persistentemente superior à oferta de espaço de carga.

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Diferenças nas relações entre países

No entanto, algumas relações mostram uma situação completamente diferente: A oferta de espaço de carga da Alemanha para a Itália evoluiu no primeiro trimestre de uma situação de equilíbrio inicial para um claro excesso de espaço de carga, na sua maioria superior a 70%. “No que diz respeito à relação Alemanha/Itália, é provável que os persistentes estrangulamentos na produção a que temos assistido na economia alemã tenham tido impacto”, afirma Gunnar Gburek, Head of Business Affairs da TIMOCOM, numa análise da evolução focada na redução das exportações.

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Em sentido inverso, observou-se que a proporção entre cargas e camiões antes do início da guerra e da adoção das sanções também se situava num nível equilibrado entre 60:40 e 40:60. Porém, em março, a oferta de camiões caiu e a procura excedeu imensamente a oferta: cerca de 75% das ofertas de carga face a 25% de ofertas de camiões. Tudo isto apesar do forte aumento dos custos da energia, que também atingiu fortemente muitos setores importantes da economia italiana. A indústria siderúrgica, em particular, depende muito das reservas de matérias-primas provenientes da Ucrânia, pelo que quase todas as fábricas de aço reduziram a produção e, em alguns casos, chegaram mesmo a parar a produção. Aparentemente, outros setores conseguiram manter ou mesmo aumentar as suas exportações para a Alemanha, assegurando assim uma procura contínua e elevada de espaço de carga.

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Capacidades de transporte reduzidas devido aos preços elevados da energia

O aumento dos preços das matérias-primas e da energia tem um grande impacto no setor dos transportes e da logística em todos os países. Em especial, o forte aumento do preço do gasóleo e os diferentes níveis de preços na Europa prejudicam as empresas de transporte, que em geral são pequenas, e a competitividade do transporte rodoviário de mercadorias europeu.

O facto de a desproporção de ofertas de carga no sistema TIMOCOM se manter elevada em toda a Europa deve-se, entre outros motivos, à redução significativa da capacidade de carga. Devido ao forte aumento dos preços da energia e à persistente falta de motoristas, muitas empresas de transporte venderam ou pararam temporariamente os camiões.

O rápido aumento do preço do gasóleo e do gás, bem como a falta de motoristas na Europa, é agravado ainda mais pela guerra na Ucrânia. Muitos motoristas profissionais ucranianos regressaram ao seu país e fazem sobretudo falta a transitários e empresas de transporte dos países bálticos e da Polónia.

O que significa a guerra na Ucrânia para o mercado dos transportes?

Na Polónia, um vizinho próximo da Ucrânia, os efeitos são claramente sentidos: como muitos condutores ucranianos estavam a trabalhar neste país, algumas das empresas de transporte perderam até um terço do seu pessoal e tiveram de parar partes da sua frota. Depois de a maior parte das empresas europeias ter suspendido a sua cooperação com os parceiros russos, a procura de serviços de transporte diminuiu ainda mais. Outra razão para a fraca situação a nível de ordens é que parte das empresas ucranianas suspendeu as suas operações, deixando de encomendar componentes ou enviar mercadorias. A situação é particularmente visível no setor automóvel.

Os transportes da Europa para a Rússia quase pararam. Desde meados de março, no sistema TIMOCOM, praticamente não houve pedidos de transporte para a Rússia. As ofertas de carga da Europa para a Rússia caíram cerca de 85% em março. Não se prevê uma alteração num futuro próximo. Devido às listas de sanções, apenas alguns produtos são ainda entregues à Rússia e as rotas para o país são complexas e demoradas.

Um desenvolvimento interessante pode ser observado nas ofertas de carga da Europa para a Ucrânia. Após o início da guerra, as cargas introduzidas recuaram de forma notória, caindo cerca de 50% em termos globais. Em março, contudo, recuperaram por um curto período. “Podemos ver que, após a eclosão da guerra, foram pedidos e criados no nosso sistema, entre outros, transportes humanitários de assistência”, afirma Gunnar Gburek. Por incrível que pareça, a produção continua na Ucrânia ocidental. No Smart Logistics System da TIMOCOM continuam a existir pedidos de transporte para a parte ocidental do país, ainda que longe dos valores que se verificavam antes da guerra. As cargas introduzidas com origem na Ucrânia recuaram em março mais de 80% face ao mês anterior.

Estas situações, com todos os seus desafios, afetam todos os países da Europa e não há um fim à vista. “A Europa está unida e responde coletivamente aos desafios da economia e do setor dos transportes. Além disso, os países prestam ajuda humanitária à população da Ucrânia”, afirma Gunnar Gburek, Head of Business Affairs TIMOCOM. “Poucos teriam previsto este nível de solidariedade.”

Primeiras greves de transportes e protestos na Europa

Entretanto, começam a surgir os primeiros sinais de resistência inicial aos efeitos da situação no setor. Na Alemanha, Espanha e França já se registaram os primeiros protestos dos motoristas de camiões contra os elevados preços energéticos, que conduziram a flutuações de curto prazo nas ofertas de carga. Em Espanha, em particular, a greve dos transportes provocou uma paragem dos camiões que se prolongou por duas semanas, o que desencadeou uma grave crise económica. Alguns setores, como os laticínios, o agroalimentar, o automóvel e a construção, tiveram de suspender temporariamente as suas atividades. Isso também foi evidente nas ofertas de carga dentro da Espanha, que subiram de menos de 10% para mais de 50% durante a greve. Nunca antes se tinha assistido a uma evolução deste tipo em Espanha.

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Ainda que o governo não tenha negociado com os grevistas, os protestos em Espanha foram bem-sucedidos: o setor vai receber 1,125 mil milhões de euros para compensar o efeito do aumento dos preços dos combustíveis. Para além da promessa de um subsídio mínimo de 20 cêntimos por litro ou quilograma de combustível para o gasóleo, gasolina, gás e o aditivo AdBlue, foi prometida uma ajuda direta de 450 milhões de euros para as empresas de transporte de mercadorias e passageiros, bem como a duplicação dos fundos de ajuda ao abandono da profissão de transportador.

 

Alívio financeiro para garantir a capacidade de transporte

A dinâmica atual torna muito difícil fazer prognósticos para o segundo trimestre. No entanto, se os efeitos económicos negativos e os protestos noutros países europeus se intensificarem, o setor e toda a economia da Europa enfrentarão dificuldades no segundo trimestre de 2022. Se os governos europeus prestassem apoio financeiro e criassem medidas de alívio abrangentes para setor dos transportes, como está a ser discutido na Alemanha e em muitos países da Europa Oriental, pelo menos a situação das empresas de transportes poderia ser um pouco mais atenuada. As capacidades de transporte não teriam de sofrer as reduções que temem muitas associações de logística.

Os especialistas de mercado da TIMOCOM também publicam regularmente desenvolvimentos e informações atualizadas do mercado de transportes nas notícias do barómetro dos transportes no LinkedIn. Com o Barómetro dos transportes, a empresa de FreightTech TIMOCOM faz, desde 2009, um levantamento da evolução da oferta e da procura dos transportes, em 46 países europeus. Mais de 147 000 utilizadores geram até um milhão de ofertas internacionais de cargas e camiões diariamente no Smart Logistics System. O sistema ajuda mais de 50 000 clientes da TIMOCOM a otimizarem os respetivos processos de logística digitais.

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